Um espírito são em corpo são. É o mantra que devemos seguir para reduzir os riscos de demência, segundo três estudos apresentados durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer.
Será possível atrasar a demência, mesmo em pessoas que apresentam um risco genético. Essa é a conclusão veiculada durante a Conferência Internacional da Associação de Alzheimer (AAIC) realizada a 14 de Julho nos Estados Unidos. Os vários estudos mostraram que combinar vários hábitos saudáveis, permite reduzir os riscos de declínio cognitivo.
Um risco inferior a 60% com quatro hábitos
Um primeiro estudo da Universidade americana Rush, seguiu 2.765 pessoas que não sofriam de demência no início da investigação. Cada participante recebeu um “score de vida”, que dependia do número de comportamentos saudáveis desta lista de cinco:
- Não fumar
- Fazer exercício físico moderado ou vigoroso pelo menos durante 150 minutos por semana
- Ter uma alimentação favorável para a actividade cerebral (o regime “MIND”, rico em legumes verdes, azeite, nozes, aves e pobre em carne vermelha e fritos)
- Consumir álcool de forma moderada
- Realizar actividades que estimulem a cognição
Durante os seis anos de seguimento, 608 voluntários desenvolveram doença de Alzheimer. No final, os indivíduos que seguiam três dos hábitos apresentaram um risco 37% menor de sofrer da patologia do que aqueles que não seguiam nenhum ou apenas um. O risco chegou mesmo a reduzir para 60% naqueles que adoptaram quatro hábitos.
Redução para metade para os predispostos
Num inquérito britânico, também se verificou que naquelas pessoas com risco genético de declínio cognitivo, o risco é 37% menor naqueles que tinham hábitos de vida saudáveis.
Para chegar a estas conclusões, os investigadores seguiram mais de 195.000 adultos saudáveis com menos de 60 anos de idade. A cada participante foi atribuído um “score de risco de demência”, baseado nos genes associados a um risco acrescido – como por exemplo a mutação genética APOE4. Também foi atribuído um “score de vida” em função do número de comportamentos relatados.
No total, 668 casos de demência aconteceram ao longo de seis anos – sendo a probabilidade mais elevada naqueles com um “score de risco” mais alto. Mas os cientistas observaram que o risco era reduzido para metade nos voluntários predispostos que adoptaram um modo de vida saudável: um caso em cada 121 foi evitado ao longo de um período de 10 anos.
Os factores “ligados ao estilo de vida”
Um terceiro estudo da Universidade americana da Califórnia em São Francisco mostrou igualmente que os fumadores têm um risco duas vezes superior de desenvolver uma deficiência do que os não-fumadores.
Estes três estudos reforçam a ideia de “que certos factores ligados ao estilo de vida podem afectar a trajectória do envelhecimento cognitivo e desenvolvimento de demência”, concluiu o Dr. Ronald Petersen, director do centro de investigação sobre a doença de Alzheimer da Clínica Mayo. "Aceitamos este facto para a doença cardíaca. Temos que adoptar um estado de espírito semelhante para a doença cognitiva, refere também o Dr. Petersen.
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