O que a química do cérebro nos ensina sobre o sono – Parte 2

 

1 – A serotonina prepara-nos para a noite

A serotonina, também chamada hormona da felicidade, é o neurotransmissor da tranquilidade e do relaxamento que nos prepara para o descanso nocturno. Provoca o adormecimento por ter um efeito hipnótico. É fabricada a partir do triptofano, um aminoácido cuja concentração no sangue aumenta quando a refeição é rica em alimentos que contêm esta substância e pobre em proteínas. Adoptar uma alimentação rica em triptofano na refeição do final do dia, permite evitar uma carência em serotonina e favorece o adormecer.

2 – A melatonina, um indutor natural do sono

Também chamada a hormona do sono, a melatonina é essencial para dormir. É activada pela serotonina durante a fase do adormecimento e necessita penumbra para ser produzida. Consequência: ficar diante de um écran à espera que chegue o sono é a melhor maneira de bloquear a secreção de melatonina e atrasar a chegada do sono. A concentração no organismo não diminui sistematicamente com a idade, mas níveis reduzidos de melatonina podem ser observados em alguns idosos, nomeadamente naqueles que têm perturbações do sono.

3 – O GABA coloca-nos em modo “silêncio” 

O ácido-gama aminobutírico vai inundar o cérebro e desacelerar o ritmo dos neurónios que nos excitam e permitem estar em modo acordado. Assim, os nossos sistemas de vigília são colocados em silêncio e isto permite-nos adormecer. É também o GABA que permite descontrair os músculos e impedir movimentos bruscos durante os sonhos.

4 – A acetilcolina faz-nos sonhar

A acetilcolina é a hormona mágica que nos permite sonhar. Liberta-se na segunda metade do sono, a que chamamos paradoxal. Na verdade, é um “reativador”. Quer dizer que estimula o cérebro que até aí estava completamente lentificado pelo GABA. Esta é a melhor parte do sono para recuperar fisicamente.

5 – Os olhos mexem – a acção do glutamato

Na fase de sono paradoxal, aquela em que sonhamos, os olhos mexem-se rapidamente debaixo das pálpebras fechadas, por acção de uma hormona chamada glutamato.

6 – Parece que vamos cair – uma inibição neuronal

O impulso hipnótico, também chamado “sobressalto do sono” resulta de um efeito contraditório entre uma parte do cérebro que nos encoraja a dormir e outra que se quer manter acordada. Trata-se de um reflexo, que nada tem de anormal, em que os músculos se contraem involuntariamente, podendo dar a impressão de estar a cair.

7 – Grelina, leptina e cortisol – efeito no apetite

Quando dormimos, o cérebro adopta uma sensação de saciedade. Reduz a produção de leptina, grelina e cortisol, hormonas que regulam a fome. Adicionalmente, o sono acalma a metabolização das gorduras e açúcar, reduzindo a probabilidade de aumento de peso. Vários estudos demonstraram que as pessoas que não dormem o suficiente, aumentam mais de peso do que aquelas que dormem o suficiente. Quando acordamos, segregamos mais grelina e temos fome.



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